Saúde emocional e aprendizagem caminham juntas

Márcia Pieres Orion Zanetti.

O que somos é fruto  da combinação das características genéticas que herdamos de nossos pais com  a influência do ambiente que somos expostos desde o momento da concepção até o final de nossas vidas.

Vamos nos atentar neste artigo sobre a influência ambiental para o desenvolvimento da nossa saúde emocional, mais especificamente, a importância que as relações sociais e as consequentes experiências e vivências que temos nessas interações, desde nossa concepção, com nossos pais, cuidadores responsáveis, educadores, familiares, amigos, entre outros,  e a partir desse conhecimento como podemos  propiciar o desenvolvimento da saúde emocional das nossas crianças.

Não existem receitas ou fórmulas mágicas a serem seguidas, até porque cada criança é única, no entanto podemos refletir sobre práticas importantes que favorecem o desenvolvimento da maturidade emocional e da autoestima dos pequenos, uma vez que é muito mais fácil desenvolvê-las quando ainda crianças, que mais tarde repará-las quando adultos.

Para tratarmos sobre a saúde emocional de nossos pequenos temos que considerar tanto o desenvolvimento da autoestima quanto da saúde mental, já que os dois estão diretamente relacionados. Enquanto necessitamos aprender a regular nossas emoções, para que elas não exerçam domínio sobre nossas atitudes, também precisamos acreditar em nossas capacidades e ajustar a nossa lente para que possamos nos enxergar da maneira como somos, o quanto podemos e quanto somos capazes, independente de julgamentos ou críticas de outras pessoas. Somos o que somos para nós e não para os outros ou sob a lente dos outros.

Ter uma boa autoestima envolve acreditar em suas próprias capacidades e ter uma postura positiva sobre si mesmo, e o desenvolvimento dessas habilidades ocorre no convívio social. As crianças que se sentem bem com elas mesmas, que possuem o sentimento de auto aceitação,  são seguras para experimentar coisas novas, sentem-se orgulhosas do que são capazes de fazer e aceitam seus erros, insistindo para conseguir fazer melhor e, dessa maneira, apresentam melhores desempenhos nos mais diversos âmbitos sociais e cognitivos, seja na aquisição de novos conhecimentos como também na relação com os amigos e professores na escola, em sua casa com seus cuidadores, irmãos, com os vizinhos e outras crianças que tenham convívio.  

O primeiro ponto é o quanto acreditamos na capacidade de nossos filhos e evitar a todo tempo elogiar, sem um motivo aparente, ou comparar o seu desempenho, sejam essas comparações positivas ou negativas, com o de outros coleguinhas ou irmãos. Com essas atitudes só estamos prejudicando-os. Não subestime, não engane, mas, sim, atribua responsabilidades de acordo com a sua idade e capacidade. Sentir-se capaz para executar tarefas é um importante exercício para o desenvolvimento da autoconfiança.  Colocar o prato na pia, regar as plantinhas, colocar água no pratinho do cachorro, guardar seus sapatinhos, vestir-se sozinho e guardar os brinquedos numa caixa, são alguns exemplos para  um bom começo para o desenvolvimento do sentimento de autoconfiança. Mas não exija a mesma  perfeição e rapidez na execução das atividades caso você as fizesse. Forneça as condições e o apoio que for necessário e agradeça a ajuda.

Esteja disponível para ajudá-los quando solicitarem, mas não execute a tarefa por eles. Escute dele quais as suas dúvidas ou dificuldades, ofereça apoio, condições, orientação, mas deixe que eles mesmos façam a tarefa.

Todos nós erramos, então seja mais tolerante aos erros das crianças e confie que, como estão em processo de aprendizagem, aos poucos executarão cada vez melhor cada tarefa e lembre que  os erros favorecem a busca por soluções, oportunidade valiosa para o aprendizado e desenvolvimento da criatividade.

Acolha a criança sempre que necessite para regular  as próprias emoções, porém não impeça que as frustrações ocorram. O choro, a tristeza e, às vezes até manifestações mais fortes como gritos, são expressões  importantes para que aprendam a regular as suas emoções. Nesse momento, acolha-o da maneira que ele necessitar e aguarde o momento da calma para conversar sobre o ocorrido. Enquanto ocorre a explosão das emoções, não ocorre aprendizado. Durante o acolhimento é muito importante que sejam dados os nomes corretos para o gatilho do desequilíbrio emocional, que pode ter sido o medo, a raiva, a fome, o sono, e podem ser decorrentes das mais diversas situações do cotidiano de uma criança:  a briga com um coleguinha, a perda de algum brinquedo, a negação em relação à compra de algum presente, enfim, seja clara ao nomear  o que desencadeou a frustração. Por exemplo, “eu entendo que você está chorando porque está com medo de dormir sozinho” ou “eu te  entendo que está com muita raiva porque seu amiguinho quebrou o seu brinquedo”. Falar “eu te entendo” aproxima as pessoas, cria um laço de confiança e de afinidade, condições fundamentais para ajudar na regulação das emoções.

Para finalizar, lembre-se que  grande parte da aprendizagem ocorre dentro de um contexto social,  e para que as crianças possam dar conta de exigências cognitivas, devem ter competência social, ou seja, devem ser  capazes de lidar com os conteúdos sociais e emocionais decorrentes das relações com outras pessoas,  e isso começa nos primeiros dias do convívio social ao qual pertencem.

Márcia Pires Orion Zanetti, Pedagoga, Pós-graduada em Magistério do Ensino Superior, MBA em Gestão Estratégica de Serviços, Mestre em Psicologia da Educação, com experiência em docência, coordenação e direção de escolas de educação básica e em docência do ensino superior.

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