Márcia Pires Orion Zanetti
De acordo com L. R. Knost, não é nosso trabalho endurecer nossos filhos para enfrentar um
mundo cruel. É nosso trabalho criar filhos que tornem o mundo um pouco menos cruel.
Partindo dessa premissa, o primeiro ponto para que possamos oferecer uma educação a
nossos filhos para que sejam adultos melhores é romper com o ciclo da educação tradicional
baseada em ameaças, palmadas, gritos e outros tipos de violência contra as crianças e para
isso é imprescindível adquirir conhecimento. Compreender o universo infantil é fundamental
para que possamos oferecer condições favoráveis para proporcionar a sua segurança, sua
saúde e o seu desenvolvimento integral.
É fundamental compreender que criança é criança e, como tal, se comportará. E que ela está
em processo de desenvolvimento e aprendizagem e não enxerga o mundo com os mesmos
olhos que os adultos e, por isso, temos a responsabilidade de favorecer o seu desenvolvimento
de maneira segura, respeitosa, com paciência e entender que os erros das crianças são
oportunidades para a aprendizagem.
Para a criança a brincadeira é imprescindível para o seu desenvolvimento. É brincando que a
criança se conecta com a realidade, expressa suas emoções, desenvolve sua imaginação e
criatividade, aprende a se socializar, a perder e ganhar, a dividir, a resolver conflitos e, além de
tudo isso, a brincadeira favorece a regulação do humor, a reduzir o estresse e a ansiedade.
Outro aspecto importante, de acordo com a neurociência, é que o desenvolvimento do córtex
pré-frontal, área cerebral responsável por controlar e adaptar os instintos primitivos das
emoções a comportamentos adaptativos adequados, inicia por volta dos 3 a 4 anos e conclui
por volta dos 25 anos de idade. Por isso que uma criança não consegue controlar os seus
ímpetos emocionais sozinha e necessita do adulto para que possa se co-regular. Ela não tem
maturidade cerebral para conter seus instintos e se regular sem o auxílio do adulto. Entender
que a criança não consegue controlar essa explosão e nem a maneira como a manifesta, então
cabe a nós, enquanto adultos que já somos maduros do ponto de vista cerebral, manter a
calma para que possamos acalmar a criança. Gritar, ameaçar ou até dar umas palmadas na
criança somente piora a situação. Entenda que a sua calma é muito importante durante a
explosão emocional da criança.
Quem precisa de proteção é a criança, por isso ignore as pessoas que estão prontas para julgar
e apontar dedos. Sabemos o quanto estamos acostumados a agir para contentar os outros,
aqueles que estão prontos para nos julgar, porém lembre-se que quem precisa de você, da sua
proteção, é a sua criança.
Toda criança é única e como tal deve ser considerada. Compará-la com os irmãos, primos ou
outros amigos ou, pior que isso, expor nossa criança de maneira vexatória diante de outras
pessoas somente contribui para destruir a sua autoestima.
Para finalizar, toda criança gostaria muito que os adultos, na dúvida de como agir, se
lembrassem que o respeito é imprescindível em qualquer relacionamento e a base para que se
estabeleça uma conexão positiva. Seja um exemplo positivo e aprenda a não gritar, a não
ameaçar, a não castigar e jamais use palmadas para educar. Tenha paciência, aprenda a se
controlar, seja coerente e repita quantas vezes forem necessárias para ensinar a fazer melhor.
Entenda que a criança não deixará de amar seu pai, mãe ou cuidador responsável pelo fato de
ser maltratado, mas com certeza, deixará de se amar
Foto Unimed Fortaleza
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