Márcia Pires Orion Zanetti
Nunca, na história da humanidade, ocorreram tantas mudanças e em tão pouco tempo. As grandes inovações tecnológicas como os smartphones, a internet, o computador pessoal, redes sociais, impressoras 3D e, também, os equipamentos autônomos como drones, robôs e veículos que contam com a inteligência artificial para a automatização executando tarefas, tanto simples quanto complexas, sendo desnecessária a presença humana, mudaram completamente a maneira como as sociedades se desenvolvem e estabelecem suas relações interpessoais.
Se considerarmos somente os últimos 10 anos, entre algumas invenções tecnológicas podemos citar: armazenamento de dados, documentos, fotos entre outros arquivos em nuvem; aprimoramento da segurança por intermédio de reconhecimento facial; smart homes ou casas inteligentes nas quais, por intermédio de smartphones, é possível, por exemplo, ligar e desligar aparelhos eletrônicos à distância; moedas virtuais e muitas outras.
Na área da educação, graças aos recursos tecnológicos, durante toda a pandemia do Covid-19, foi possível para milhares de alunos participarem de aulas, em tempo real, em grupo, de maneira virtual, sem sair de suas casas. Porém, isso não foi possível para muitas crianças e adolescentes, justamente pela falta de acesso a esses recursos tecnológicos.
Infelizmente, todos esses avanços não estão disponíveis para todos e, consequentemente, a desigualdade social só aumenta. Garantir que o cumprimento da lei ocorra e que o acesso à educação de qualidade a todos seja uma realidade, é o principal passo para minimizar a desigualdade social existente e os impactos que essas desigualdades ocasionam à população como um todo.
Enquanto vivemos uma revolução tecnológica, é inegável apontar os impactos negativos que todos esses avanços vêm causando, e as demandas dessa nova era são inúmeras, cada vez mais complexas e torna-se imprescindível e urgente que uma educação de qualidade seja garantida para todos.
O meio ambiente está agonizando; enfermidades que já estavam extintas, voltam a alarmar; apesar de o Brasil ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo, conforme últimos dados divulgados pelo 2º inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, cerca de 33,1 milhões de pessoas não têm o que comer diariamente; e é vertiginosamente crescente o número de jovens que abandonam os estudos porque precisam trabalhar.
Segundo o patrono da educação brasileira, Paulo Freire, “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.”
Transformar essa situação caótica que vivemos é imprescindível e, sem dúvida, o caminho é a partir de uma educação para todos. A partir da educação é possível dialogar, refletir, problematizar e tomar consciência para, posteriormente, transformar. São as pessoas que poderão interferir, melhorar, atuar, trabalhar para que as demandas tão urgentes de nosso país sejam atendidas.
Todos, sem exceção, sofrem os impactos que a pobreza, a fome e as injustiças que assolam parte da população. População essa que antes de qualquer julgamento, deve ser vista e entendida como a que é negligenciada em seus direitos básicos e fundamentais para a sua sobrevivência.
Por isso, quando defendemos que o caminho para a transformação dessa situação caótica que vivemos é a partir de uma educação para todos, não estamos falando somente da formação acadêmica e técnica de pessoas para o desenvolvimento de novas tecnologias, invenções e toda a criação de novos equipamentos para facilitar o dia a dia das pessoas mas, sobretudo, que essa formação transpasse e transcenda todos os conhecimentos e proporcione a transformação das pessoas em sua essência como seres mais humanos. Isso implica na formação de pessoas mais sensíveis, mais empáticas e conscientes de que o bem comum deve promover o bem coletivo e que o bem coletivo deve garantir a promoção do bem individual. Só a partir de sentimentos mais humanizados, empáticos e, principalmente, conscientes de que os direitos impressos pela constituição brasileira devem ser garantidos para todos, sem exceção, todos teremos a responsabilidade e consciência de que, mesmo que nossas ações não tenham impacto imediato, essas ações interferirão para minimizar as desigualdades e injustiças sociais e, consequentemente, garantir a vida, a segurança, a saúde, o bem estar, a harmonia e a perenidade de todos os seres vivos do Brasil.
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Grande Marcia. Gostei muito do seu artigo. Uma abordagem correta de que atraves e pela educação podemos transformar e melhorar as pessoas. Temos que estar consciente que cada tem sua contribuição a oferecer pelo bem comum.
Parabéns!!! Orgulho sempre.
Marcia
A grande transformação humana necessária que sonhamos para um mundo realmente humano, tenho certeza, só será desencadeada por ações concretas de mudanças positivas. Seu texto mostra lucidez e sinaliza para essas ações!
Maravilhoso viver isso!
Márcia! Grande educadora de nosso Brasil! Gostei muito do artigo sobre educação que nos faz refletir sobre os desafios para garantir a inclusão tecnologia e a educação de qualidade para todos! Missão que deve ser cumprida por cada um de nós. Parabéns! Continue compartilhando sua análises👏👏👏
Ótimo texto! Precisamos tomar consciência que os avanços tecnológicos podem trazer grandes benefícios, porém escancaram e de certa forma potencializam as injustiças e abismos sociais.
A construção de um mundo melhor e mais humano através da educação é um tema urgente não só no contexto do Brasil, mas global. Um direito que deve ser garantido a todos. Ótimo texto, escrita impecável e uma visão extremamente delicada. Parabéns!